sábado, 12 de novembro de 2022

Trecho | Prefácio de "Andarilhos do Bem", de Carlo Ginzburg

 

Post original aqui


Abaixo, uma parte do prefácio deste livro excepcional do historiador Carlo Ginzburg seguida de uma pequena (e ainda incompleta porque o espaço é pouco) descrição do que era feito pelos chamados benandanti, os "andarilhos do bem".

"Estamos habituados a ver nas confissões dos acusados de feitiçaria o fruto da tortura e das sugestões feitas pelos juízes e a lhes negar, por conseguinte, qualquer espontaneidade. Mais precisamente, as investigações fundamentais de J. Hansen mostraram como a imagem da feitiçaria diabólica, com todos os seus acessórios – pacto com o diabo, sabá, profanação dos sacramentos – foi sendo elaborada, entre meados do século XIII e meados do XV, por teólogos e inquisidores, para depois difundir-se progressivamente, através de tratados, sermões, imagens, por toda a Europa e, mais tarde, até mesmo para além do Atlântico. Essa difusão [...] realizou-se de forma particularmente dramática no próprio curso dos processos, modelando as confissões dos acusados graças aos dois instrumentos já mencionados: a tortura e os interrogatórios 'sugestivos'." (pág. 8)

"Os ritos que os benandanti afirmavam realizar nos seus encontros noturnos são ritos que quase não é necessário interpretar, tão explícito e manifesto é o seu significado, já que não se trata aqui de superstições cristalizadas e repetidas mecanicamente, e sim de ritos intensa e emotivamente vividos. Os benandanti armados com ramos de erva-doce que lutam contra bruxas e feiticeiras munidos de caules de sorgo sabem estar combatendo 'por amor das colheitas', para assegurar à comunidade a opulência das messes, a abundância dos víveres, dos cereais miúdos, das vinhas, de 'todos os frutos da terra'. É um rito agrário que conservou uma extraordinária vitalidade quase no final do século XVI, numa zona marginal, menos alcançada pelas comunicações, como era o Friul. A que época remontam as suas origens não podemos saber. Desde já, porém, se percebe a complexidade do culto do qual o rito é a expressão." (pág. 44)

📚 GINZBURG, Carlo. Os andarilhos do bem: feitiçaria e cultos agrários nos séculos XVI e XVII (1966), trad., São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

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sábado, 5 de novembro de 2022

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