domingo, 8 de abril de 2018

BELEZA AO ACASO

beleza ao acaso
Borboleta com a asa esquerda quebrada. Foto: @wilerjrxd


Aparentes riscos feitos com gizes de cera.
Um punhado de cores
(pelo menos aos meus olhos limitados)
expostos ao mundo depois de semanas
em um casulo, às mãos da metamorfose.
Fragilidade e leveza que assustam.
Uma asa quebrada.
Vulnerável.
A confiança num ser que sem motivos
pode lhe fazer mal.
E perambula pelos dedos,
pela palma e pelas costas da mão.
Para e me olha com suas lentes transparentes,
marcadas no fundo por quadrados pretos e brancos.

Será que se pergunta quem sou? o que posso fazer?
Será que me julga confiável (ou não) pela cor da minha pele?
dos meus olhos? dos meus cabelos?
por minha natureza sexual? por minha classe social?
por minhas crenças? meus pensamentos? minhas ideias?
por meu nível de instrução educacional?
por meus títulos? pelas pessoas com que convivo?
por minhas vontades? minhas escolhas? meus vícios?

Será que se me entendesse e a ela eu falasse de tudo
- não tão somente sobre mim, mas sobre os outros e sobre o mundo,
ela usaria o resto de suas forças e de sua curta vida para fugir e se esconder
ou pouco (ou nada) se importaria e continuaria a confiar em mim?
Estará preparada para as adversidades que à frente dela se impõe,
ainda mais sem a asa que não lhe permitia sustentar o voo?

Se sim ou se não, ela ainda aqui está.
Gira em torno de si mesma;
vai para lá, volta para cá:
não parece saber o que fazer.
Perdida. Bela. Ao acaso.
Frágil e leve,
vulnerável nas mãos da natureza em redor,
a mesma que a ela deu a vida.

- Wiler Antônio do Carmo Jr., 30/03/2018.

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'o museu' ('the museum'), em formato digital (eBook) e/ou formato físico: http://www.pensamentosprofundos.com/2018/06/o-museu-amazon-store.html

CONSELHO

conselho




Estuda mesmo, menino! Estuda!

Estude, menino,
mas pegue o gosto por aprender;
não se deixe levar simplesmente
por esse modo martirizado
com que as mais belas descobertas
sobre a natureza e a vida
lhe são ensinadas.
Não rejeite o conhecimento
só porque ele lhe é enfiado goela abaixo como
                                   [as verduras e os legumes,
que, de certo modo, seus próprios pais
lhe ensinaram a não gostar.

Aprenda, menino,
pelo prazer de conhecer e entender
a beleza ainda existente no mundo ao nosso redor.

Aprenda, menino,
pela repreensão,
mas principalmente pela liberdade,
aquela de ser curioso,
de questionar o que jogam na sua cara
como a verdade que não deve ser questionada.
Não me entenda mal,
pois liberdade demais gera violência;
então, menino, aprenda a tê-la
e a usá-la com responsabilidade,
respeitando aqueles que não concordam com você.

Aprenda, menino,
que o dinheiro não é tudo;
que existe uma quantia suficiente
para que você sobreviva
e experimente os prazeres da vida;
e que, além dessa quantia,
você pode se tornar um escravo dele.

Aprenda, menino,
que o mundo é vasto, enorme,
e muito diversificado também;
que nem todos pensam como eu,
como você,
como ninguém.

Aprenda, menino,
que, apesar de não sermos tão especiais
perante o Universo e a Natureza,
como prega a maioria,
devemos ser, e nos fazer,
especiais uns para os outros
por sermos tão iguais
e, ao mesmo tempo,
tão diferentes.

Aprenda, menino,
que, apesar de parecer tão curta
a nossa vida,
quando você chega a uma certa idade
(em que geralmente ainda é tido
como jovem demais e imaturo)
e procura tentar enxergar o quadro inteiro,
é possível ver que o percurso é suficiente
para que você cause um impacto positivo
                                 [na vida de muitos,
desde que você queira.


Wiler Antônio do Carmo Jr., 15/03/2018.

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'o museu' ('the museum'), em formato digital (eBook) e/ou formato físico: http://www.pensamentosprofundos.com/2018/06/o-museu-amazon-store.html